sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O REALIZADOR DA ILHA

Um realizador de cinema independente é como uma ilha, entretanto, mais que terra ele é pedra, mas não cercada de água e sim por montanhas, por todos os lados.
E se o mundo é uma ilha, margeada, por tsunamis, o realizador independente, à margem, também constrói terremotos submarinos.
Isolado, mas não solitário, o realizador independente é capaz de sobreviver a todas estas intempéries produzidas pelo subcinema comercial.
Porque assim ele (d)escreve a sua a gramatologia fílmica, por entre experimentalismos e narrativas, forjados à vigília e lapidados em pedras que depois se tornam esculturas.
O realizador independente, ilhado, rebela-se contra todas as formas que disfarçadas tentam apagar da memória o átimo da anima, ali mesmo onde ela se manifesta e nos faz ser o que somos.
As ilhas de tão distantes, paradisíacas, são pinturas de sonhos, imagens. Assim é Mosqueiro.
E é desta ilha que temos notícia sobre da produção de pelo menos dois filmes independentes do realizador Márcio Barradas: “O Mastro” (documentário média-metragem) e “A poeta da praia” (ficção – longa), ambos produzidos este ano, na Ilha de Mosqueiro.
Estes filmes que já foram vistos pela comunidade de Mosqueiro, serão projetados às oito da noite, na Praça Tancredo Neves, no âmbito do projeto “Tela de Rua”, organizado pelo Movimento Cultural da Marambaia (Moculma), com apoio do Cineclube Amazonas Douro e Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema.
Para quem está cansado do lugar comum e para estes que insistem em tomar como referência o "cinemão" americano e europeu – numa eterna luta contra a força do cinema amazônida – as comunidades periféricas insubordinadas rebelam-se e provam que nós temos cinema.
Cinema de verdade.
Se estamos ou não sós nesta ilha, o tempo dirá, afinal de contas, a história é inexorável.

©
Francisco Weyl
Carpinteiro de Poesia e de Cinema

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