quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Estética do Grito

Segunda conferência-relâmpago
A ARTE: vive um tempo em que não afirma mais nada. O ARTISTA: Ao negar-se a afirmar, apenas afirma o que de fato está a negar. A ARTE: mora no mito. Reflecte: o antagonismo de forças que lutam entre si para se manifestar através de seus objectos. FORÇAS: são trágicas e se revelam: nos deuses Apolo e Dioniso: UM é: aparência. OUTRO: está por trás da aparência. APOLO: construção. DIONISO: destruição. APOLO: harmonia. DIONISO: desequilíbrio. O GRITO é: o sentido estético da poética cinematográfica. A POÉTICA: nasce na poesia de Camões, Antero e Pascoaes. A ESTÉTICA: vive no cinema de Glauber. GLAUBER: devolveu o sentimento trágico à arte cinematográfica. A COMUNHÃO é: o espírito do GRITO. O GRITO: fala uma só língua: a de Camões: Tem um único conduto: a genialidade de Glauber. Ordena-se: pelo verbo Camões. Explode: no grito Glauber. O GRITO: é comunhão: poesia e cinema. CINEMA: manifestação do espírito artístico universal. CINEMA-FILME: não é cinema: é arte: poesia, teatro, tragédia e coro, ditirámbico. EMBRIAGADA: pelo vinho: a névoa de Luso escapa à busca de Zeus. CINEMA-FILME: não é cinema: é canto: CAMÕES: percorre o mar das contradições. NAVEGA: as águas da história: FORÇA: quem tem coragem assume a própria cena. CINEMA-FILME: não é cinema: é olhar. GLAUBER: mistura de sensações. RUPTURA: de pressupostos: travessia épica: do Douro ao Amazonas. MATAR: Deus. BROTAR: o mito: a arte. CINEMA-FILME: define-se: com os verbos: Sonhar; Escrever; Realizar; Montar. O MAR é: a quinta-essência do cinema. O CINEMA: não se conjuga: desagua; O CINEMA: não se escreve com palavra: escreve-se com poesia. O CINEMA: só pode ser poético se filosófico. O CINEMA: só pode ser escrito depois de sonhado. A GÊNESE: do cinema: a destruição do sonho. A REALIZAÇÃO é: a morte da destruição do cinema. O CINEMA: não tem forma: os pensadores é que dão forma a ele. O CINEMA: não comunica: os analistas é que lhe conferem significados. O CINEMA: não pode ser pensado: apenas sentido. O CINEMA é: um grunhido. O CINEMA: não é para ser pronunciado: mas gritado. O CINEMA: só pode ser conjugado pelos poetas épicos. O CINEMA: tem um só tempo: artístico. O CINEMA: tem um só deus: Dioniso. O CINEMA: define-se por uma estética: o grito.
© Francisco Weyl (Carpinteiro de poesia e de Cinema)

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